Teresa Almeida, candidata do PS à Câmara Municipal de Setúbal, apanhou boleia da campanha eleitoral para o Parlamento Europeu, para em comício passar um atestado de incompetência à Câmara Municipal de Setúbal, aos Municípios da Região e aos seus técnicos.
A candidata fala com uma enorme vontade de apresentar trabalho e proposta, mas não conhece ou finge não conhecer a realidade em matéria de fundos comunitários.
Aliás, importa perguntar o que fez a então Governador Civil de Setúbal perante o anúncio governamental de um modelo de gestão do QREN altamente centralizado, o mais centralizado de todos os quadros comunitários, tendo os Municípios sido, literalmente, arredados do processo.
O PS e o seu Governo centralizaram e atrasaram o QREN sem justificação aparente, criando maiores e mais profundas dificuldades aos promotores de candidaturas, criando entraves a todas as candidaturas que não correspondam, linha por linha, às orientações definidas pelo Governo.
Mas sobre estas matérias nem uma palavra, aquilo que importou para Teresa Almeida foi sentenciar que a Região e Setúbal não sabe aproveitar os Fundos Comunitários e, como a campanha obriga, fingiu não conhecer o conjunto vasto de acções e candidaturas desenvolvidas pelos Municípios e outros agentes de desenvolvimento e que muitas delas já foram aprovadas, encontrando-se muitas em execução.
Mais cedo o QREN estivesse aberto candidaturas, mais projectos estariam a ser concretizados.
Mas, para mim, a pérola da intervenção da candidata reside na sua proposta para que «os Municípios desta Região trabalhem em rede e que consigamos juntos construir um Plano de Desenvolvimento Territorial Comum, que seja à base de trabalho de uma equipa de angariadores de Fundos Comunitários suportados no modelo financeiro partilhado entre todos».
É nesta proposta que se revela a profunda dificuldade do PS e de Teresa Almeida reconhecerem o trabalho feito em Setúbal e na Região, com os Municípios mas, também, com muitas outras entidades públicas e privadas, em torno de um projecto de desenvolvimento comum.
Ao negar este trabalho, Teresa Almeida dá um sinal claro para as centenas de instituições que nele têm participado e não consegue esconder a contradição profunda com a opinião do Secretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades que afirmou, em Outubro pasado, que esta Região tem o trabalho de casa feito.
O que Teresa Almeida não perdoa é que Setúbal (concelho e região) para além das reivindicações e exigências, tem trabalho feito, tem projecto construído com os vários intervenientes do processo de desenvolvimento e, só não tem outra participação em matéria comunitária porque o PS resolveu que os Municípios deveriam estar afastados.
Interessante também compreender que na sua intervenção sobre esta matéria nem uma palavra sobre o papel da Área Metropolitana de Lisboa, nem uma palavra sobre a ausência de uma Regionalização.
Para terminar, que a conversa já vai longa, como aproveitou o PS e a então vereadora Teresa Almeida os fundos comunitários, quando Setúbal ainda fazia parte do Objectivo Convergência?