quinta-feira, 4 de junho de 2009

Portugal da 4ª Classe

Quando ai há tempos ouvi, na comunicação social, que um dos argumentos utilizado pelo actual governo para recusar um referendo ao Tratado de Lisboa era ‘o Tratado não estar muito compreensível para os Portugueses.’ – ou para a sua maioria, digo eu!! – de imediato pensei:
- Olha, agora só temos a 4ª classe. Mais uma para juntar ao deserto da margem sul..! - confiante que no dia seguinte estariam os jornais cheios de manchetes a retratar a ‘infeliz’ criatura que teve o ‘desconjuro’ de pensar e dizer tais ‘barbaridades’..! E a ‘infeliz’ criatura a retratar-se!!

Mas não! Nenhuma grande manchete, nenhum telejornal.. Estranhei não ouvir muito mais, nos dias seguintes. Conclui que, provavelmente, ou todo esse aparato que a minha indignação imaginou estaria fora de um contexto comum, ou que tivesse passado despercebida tamanha ‘gaffe’ á sociedade em geral. Lembro-me que pensei:
- Bem, pelo menos, não se faz conversa disso..! – conversa com elevados índices de estupidez, diga-se..!!!

Mas, também aqui, não!!
E não é que ele disse o mesmo, em directo, no Jornal da 2 do dia 03/06/09?!?

Paula Jornalista(PJ): E qual é a posição da sua candidatura relativamente á contestação pública de que é alvo o Tratado de Lisboa?
Palavras do Senhor (PS): Não, o Tratado de Lisboa não foi alvo de nenhuma contestação pública. O que houve foi o levantamento de algumas questões…(continua).
PJ: Pois, mas o não cumprimento de uma promessa eleitoral, que foi o Referendo ao Tratado, isso é que não permitiu aos Portugueses pronunciarem-se a favor ou contra o Tratado de Lisboa
PS: Sim, mas sabe, Paula, o Tratado está, de facto, escrito duma forma, que os Portugueses não iam compreender....haah, é todo numa linguagem que não é muito, digamos, acessível, tem muitos termos…..
E a entrevista continuou..!

De repente senti-me no País dos TeleTubbies, com o Avô Cantigas a dizer-me que eu nunca iria ser grande!!

Epá, que, numa entrevista de uma estação de televisão pública, em plena campanha eleitoral, o cabeça de lista reafirme esta posição e que a mesma não tenha o devido eco nos mais variados circuitos sociais, até se compreende. Na verdade, este Tratado não é compreendido pelos Portugueses. Nem sequer nos é disponibilizada essa possibilidade, á partida.

E que seja difícil ou complicado tanto explicar como compreender, ainda se entende também! Agora, que nos comprometam num tratado que os próprios assumem que não conseguem explicar e usam esse facto para não o explicar?!?

Pois é, meus senhores, que conveniente vos é agora, o Portugal da 4ª classe..!! Talvez aí se consigam fazer entender..!!

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